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Entenda melhor os rótulos de cerveja – Parte 2



Na coluna passada falamos sobre como entender melhor os rótulos de cerveja. Agora vamos para a parte um pouco mais complexa: os estilos!

Os estilos de cerveja servem como guia para identificar um conjunto de características da bebida, de uma forma geral servem como um senso comum sobre atributos sensoriais (sabor, aroma, textura) e atributos mais objetivos (cor, teor alcoólico, teor de amargor). Também facilitam o entendimento do consumidor e orientam os concursos de cerveja.

Como já são quase 8.000 anos de história da cerveja muitos fatores contribuíram com o surgimento de diferentes estilos de cerveja, como disponibilidade de matéria prima, questões geográficas, datas comemorativas, religião, tecnologia, etc. Hoje já são mais de 200 estilos diferentes já catalogados e podem ser consultados através de guias. Os mais utilizados no Brasil são o Brewers Association e o BJCP – Beer Judge Certification Program.

Aqui vamos comentar alguns estilos que são fáceis de encontrar na prateleira de qualquer empório, supermercado, bar ou restaurante que possui uma boa carta de cerveja:

Pilsen: muito dos rótulos que existem por aí estão longe de ser uma verdadeira Pilsen. Criado em 1842 na cidade de Pîls onde hoje é a Republica Tcheca. Uma boa Pilsen deve conter além das características delicadas do malte (aromas de pão e biscoito) também deve conter um certo amargor para o equilíbrio da receita. As Bohemian Pilsen possuem aromas típicos do lúpulo Saaz (terroso e picante), já as German Pilsen são mais maltadas e amargas. Prove a tradicionalíssima Pilsen Urquel ou compare com a Pilsen da sua cervejaria mais próxima. Quando em Belo Horizonte experimente a nova Bohemia Pilsen da cervejaria Backer.

Weiss (trigo em alemão): as Weizen/Weissbier/Hefeweizen são cervejas de trigo produzidas com um mínimo de 50% de malte trigo (tecnicamente é impossível produzir uma cerveja 100% de trigo) e em geral é o primeiro estilo de cerveja “diferente” que bebemos. Refrescante, muito carbonatada e encorpada essa cerveja possui características de aroma e sabor bem nítidas: banana e cravo. Estas características são produzidas pela levedura no processo de fermentação e não há adição destes elementos na cerveja. A levedura que fica no fundo da garrafa deve ser servida como parte da experiência (para aqueles que não gostam experimente a versão filtrada Kristal Weizen). Experimente a tradicional alemã Erdinger, uma das primeiras cervejas importadas a vir para o Brasil. A grande maioria das cervejarias artesanais brasileiras possui em seu portfólio uma cerveja de trigo, seguramente não irão faltam versões locais. Quando em São Paulo experimente a Karavelle Weiss, campeã este ano no festival Brasileiro de Blumenau na categoria Weissbier.

Witbier: estilo de origem belga produzido com trigo não malteado e malte de cevada. Essas cervejas são temperadas com semente de coentro e casca de laranja, em geral, mas, algumas outras receitas utilizam um pot-pourri de especiarias e cascas de outras frutas cítricas. Wit que em flamenco significa branco traduz a cor da cerveja que é amarelo bem claro e sua alta turbidez. Cervejas deste estilo são extremamente refrescantes e harmonizam muito bem com uma infinidade de pratos. Experimente uma clássica witbier belga como a Hoegaarden ou quando no Rio de Janeiro a Jeffrey Niña produzida com casca de limão siciliano.

Pale Ale: estilo típico inglês é também o mais popular entre os estilos de cerveja da Inglaterra. Pale refere-se a sua coloração – pálida, clara – e Ale por ser uma cerveja fermentada a temperaturas mais altas. Possui coloração que vai do dourado intenso/escuro ao cobre, aroma e sabor frutado e intensidade de malte mediana. A diferença entre as APAs (American Pale Ale) e as English Pale Ale, é o caráter do lúpulos, terroso e herbáceo nas inglesas e, em geral, cítrico nas americanas. Experimente as importadas que traduzem bem o estilo: Coopers Original Pale Ale (Inglaterra) e Sierra Nevada Pale Ale (Estados Unidos). Experimente também as nacionais American Pale Ale da Way Beer de Curitiba e a sazonal EPA FrangÓ da Cervejaria Nacional, de São Paulo.

India Pale Ale – IPA: amadas e odiadas pelo seu amargor esse estilo vêm conquistando cada vez mais adeptos. Originariamente produzidas na Inglaterra ficaram mais conhecidas por serem exportadas para Índia. A versão mais divulgada da história conta que foi adicionado uma carga especial de malte e lúpulo para que as cervejas pudessem resistir a viagem à Índia. A característica clássica desse estilo é sem dúvida o amargor. As versões inglesas e americanas se diferenciam na característica do lúpulo utilizado e comumente as americanas são mais amargas. Existem versões que mesclam ambos os lúpulos, mas aqui vale a mesma característica das Pales Ales (American IPA, English IPA). Caso seu lema seja “de doce já basta a vida”, não deixe de provar Sculpin da americana Ballast Point e a Green Cow IPA da Cervejaria Seasons de Porto Alegre.

Stout: está entre as cervejas mais escuras do espectro de cor da cerveja. A cor deriva da utilização de cevada e malte torrado ou outros grãos tostados. A utilização de grãos torrados na receita produz notas de café e chocolate amargo que são características do estilo. O estilo surgiu na Inglaterra como evolução de outro estilo inglês, a Porter. Nem todas Stouts são negras, a coloração varia entre marrom escuro a preto. Muitas pessoas associam cervejas escuras com alto teor alcóolico apesar de a Stout mais famosa do mundo – a Guinness – ter apenas 4% de ABV. As stouts são subdividas em algumas categorias, as mais comuns são: Irish Dry Stout (estilo da Guiness), Oatmeal Stout feita com aveia, Sweet Stout, versões mais adocicadas e algumas com adição de lactose e Imperial Stout, mais robustas e com teor alcóolico superior a 7% de ABV. Experimente comparar duas receitas da mesma cerveja produzidas por diferentes cervejarias: a DUM Petroleum produzida em Curitiba pela cervejaria DUM e a Wäls Petroleum produzida em Belo Horizonte pela Cervejaria Wäls.

Fruit Beer: cervejas feitas com frutas existem desde o início da própria história da cerveja. Hoje temos versões ales ou lagers, de cores variadas cuja característica principal é replicar a complexidade da fruta escolhida, tanto quanto possível. Há também as Fruit Lambics, cervejas belgas que começaram a ser produzidas comercialmente somente nos anos 30. São geralmente conhecidas pelo nome da fruta utilizada e as mais comuns são as Framboise (framboesa) e Kriek (cereja). A cor, sabor e aroma da cerveja irá refletir a fruta utilizada. A grande diferença da Fruit Lambic belga é a acidez, que deve ser presente. Elas podem ter final seco ou levemente adocicado. Aromas da levedura selvagem Brettanomyces (couro, cavalo, laranja mofada, etc) pode estar presente nesse estilo de forma moderada. Podemos encontrar uma grande variedade de rótulos da cervejaria belga Lindemans com exemplares mais delicados e exemplares onde a Brettanomyces é mais pungente como na Kriek da Brasserie Cantillon. A Amazon Beer, de Belém, possui um rótulo dedicado, a Forest Bacuri, uma fruta exótica nativa da Amazônia.

Agora que você já conhece alguns mais informações sobre características e estilos de cerveja só falta uma coisa: botecar!

Publicado originalmente no site www.meninasnoboteco.com.br


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