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Era uma vez Pratinha

Recentemente ficou-se conhecido a notícia de que a cervejaria Pratinha, de Ribeirão Preto foi adquirida (ou similar, termos não divulgados) pela Ambev, ou como eles querem que você ouça “fechou um acordo com a ZX Ventures”. Quem é ZX Ventures? É uma empresa que foi criada pela Ambev e atende aos interesses da Ambev, ou seja, é Ambev. Na minha opinião é apenas uma espécie de “departamento da empresa” com outro CNPJ e dizer que foi comprado pela ZX e não pela Ambev ajuda a deixar mais “simpático” o rolê! A verdade é bem simples, é tudo farinha do mesmo saco e fica mais atrativo pra eles e menos informativo, especialmente pra você consumidor.



O que eu penso sobre a venda da cervejaria Pratinha?

Tanto como consumidora ou como Sommelière de cervejas não consigo enxergar como pode ser benéfico ao consumidor e a cadeia produtiva uma única empresa deter mais de 2/3 do mercado total de cervejas no Brasil. É utópico acreditar que corporações deste tamanho são benéficas, ou vai me dizer que você nunca leu sobre a associação desta empresa com práticas extremamente agressivas e pouco éticas de concorrência e publicidade , superfaturamento e manipulação de legislação e principalmente as vantagens econômicas e tributárias. Sim, eles pagam muito menos imposto (fábricas da Ambev saíram praticamente de graça tamanha é a isenção de impostos ofertada) do que as microcervejarias e empregam muito menos pessoas por litro produzido (de acordo com a Abracerva empregam quinze vezes menos pessoas por litro produzido).


Se eu tivesse que escolher uma única palavra para descrever a cerveja artesanal essa palavra seria a diversidade. Provavelmente para vários que estão lendo esse texto foi a cerveja artesanal ou a cerveja de uma empresa independente (que não participa de nenhum grande conglomerado) que trouxe para o seu paladar a diversidade de cores, aromas e sabores que até então nem imaginávamos que a cerveja poderia proporcionar. O mercado que fez florecer rótulos inusitados, conhecimento, novas amizades e principalmente novos empreendimentos foi o mercado das microcervejarias pois é na pluralidade de empresas no mercado que surge e se mantém a diversidade.


Esse acordo/parceria/venda/chame como queira é apenas mais uma marca dentro do universo de uma única empresa e de seus valores. E essa concentração determina o que nós consumidores vamos comprar e que preço vamos pagar e não o contrário. Não há opções de escolha, não há diversidade há apenas a ilusão de uma prateleira cheia de marcas que parecem de empresas pequenas mas na verdade são do maior conglomerado cervejeiro do planeta. É cada vez mais sorrateiro a identificação de quem pertence a quem e cabe ao consumidor se informar.


E é, resumidamente, por isso que eu acredito que simplesmente não dá pra continuar alimentando Golias. Me despeço da Pratinha e deixo uma frase do próprio site da cervejaria:

“Não se engane pelos rótulos coloridos e de design bem cuidado. São lobos em pele de cordeiro”

Se informe, faça as suas escolhas e apoie o mundo que você quer ver crescer!






ps.: às pessoas que trabalham nos CNPJs citados: it’s not personal. É apenas uma visão que não contempla a formação de monopólio.


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